As queimadas em Minas Gerais, intensificadas pela seca que já ultrapassa 120 dias em grande parte do estado, estão gerando um impacto significativo no fornecimento de energia elétrica e na saúde pública. Segundo a Cemig, apenas em julho deste ano, 159.505 unidades consumidoras tiveram o serviço interrompido por incêndios, número três vezes maior que o registrado em todo o primeiro semestre de 2024, quando pouco mais de 45 mil consumidores foram afetados.
O aumento expressivo das queimadas tem causado danos severos à infraestrutura elétrica, como explica Demetrio Aguiar, engenheiro de Sustentabilidade da Cemig. “As chamas danificam equipamentos como postes, cabos e torres, tornando o restabelecimento do serviço mais demorado, o que pode trazer transtornos significativos para os clientes das distribuidoras”, afirma. Além disso, a alta densidade de fumaça resultante dos incêndios contribui para o agravamento de doenças respiratórias, especialmente durante o inverno, quando essas condições são mais frequentes.
Comparado ao mesmo período de 2023, o número de unidades consumidoras afetadas quase quadruplicou em 2024, passando de 55 mil para mais de 205 mil. O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais registrou mais de 16 mil focos de incêndio até agosto deste ano, evidenciando a gravidade da situação.
As queimadas, além de danificar a rede elétrica, representam um desafio logístico para as equipes de manutenção da Cemig. “Um dos maiores desafios para as equipes de campo é chegar ao local da ocorrência para fazer o reparo. Normalmente, são locais de difícil acesso e em áreas rurais muito amplas”, ressalta Aguiar. Na Região Sul de Minas, por exemplo, houve um acréscimo de 12 mil unidades consumidoras interrompidas no primeiro semestre, enquanto a Zona da Mata registrou um salto significativo, com 66 mil consumidores afetados em julho.
Para demonstrar os riscos das queimadas para a rede elétrica, a Cemig realizou um experimento no Laboratório de Ensaios Elétricos de Alta Tensão (LEATEP), em Belo Horizonte. Durante a simulação, especialistas observaram a formação de arcos elétricos causados pela ionização do ar aquecido pelo fogo, mostrando como o sistema de proteção desliga automaticamente a linha para evitar danos maiores.
Realizar queimadas é crime e pode resultar em prisão, conforme estipulado pela Lei 9.605/98, que prevê pena de reclusão de dois a quatro anos, além de multa. Diante da gravidade da situação, a Cemig e o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais estão intensificando esforços em campanhas de conscientização para prevenir novas ocorrências.
Em caso de incêndios, é crucial acionar imediatamente a Cemig pelo número 116 ou o Corpo de Bombeiros pelo 193.
Esta matéria foi adaptada da Cemig.
Publicado por Diário Campo Belo
27/08/2024 – 11:00
Foto: Canva Pro